Andar com bebés na rua e levá-los connosco a diversos sítios é interessante. E torna-se interessante, porque um bebé tem o poder, quase como se de um íman se tratasse, de atrair pessoas e puxar conversas.
Nestas situações, adotar uma postura de observação, reflexão e curiosidade, olhando para tudo com mente de principiante, pode trazer-nos grandes ensinamentos.
Eu tenho apreendido e aprendido tanto nestes momentos. E sou grata por conseguir ter a disponibilidade interior e emocional para o fazer.
Dizem-nos as mais diversas coisas. Com 5 semanas de vida da Cocas, já tinha um rol de conversas para contar. Mas de todas e tão diversas, existe uma em específico que me deixa sempre com um brilho nos olhos.
Tive esta conversa hoje de manhã. Quando fui tomar um café, aqui no meu bairro. Café rápido. De domingo. Entre horas de dar mama. De chinelos e calções. E claro, com a Cocas colada a mim.
E a conversa de hoje já aconteceu outras tantas vezes. Noutros sítios. Com outras pessoas. Noutras situações. E apesar de ser em sítios distintos e situações diferentes, uma coisa foi sempre igual: as conversas aconteceram com mulheres, mais velhas que eu, avós até, já com filhos crescidos e netos a crescer, cheios de vida e esperança.
E todas me revelam, em jeito de segredo, suspiro e com uma certa mágoa até, desejando voltar com o tempo atrás, que se soubessem o que sabem hoje, não tinham gritado o que gritaram com os filhos. Não tinham dito, da forma como disseram, “nãos” tão inflexíveis ou cheios de impaciência.
Todas me revelam que tinham deixado brincar mais, que se tinham envolvido mais, que tinham parado mais e observado tudo o que podiam e tudo o que os olhos não deixavam ver.
E quando me fazem esta revelação, sempre que me fazem esta revelação, os meus olhos brilham, às vezes humedecem. O meu coração sente-se grato e pede-me para ouvir mais, porque ainda tenho tanto a aprender. E sente-se grato também, porque vou tanto a tempo de, amanhã, poder sentir que gritei baixinho, que brinquei alto e sorri muito.
E tenho tanto ainda para percorrer. E sinto-me tão feliz por isso.
Não quero a perfeição. Quero tão somente a moderação. Moderar o que faço. Moderar como faço. Moderar o que digo. Moderar como digo.
Sei que, muito provavelmente, não vou pôr o grito totalmente de lado. Provavelmente ele irá aparecer. Num momento de cansaço. Num momento de angústia. Num momento de desespero. Num momento de indecisão.
E não vou gritar comigo por isso. Vou aceitar que assim é. Mas vou, de certeza, lutar todos os dias para gritar baixinho, brincar alto e sorrir muito.
E amanhã, quando encontrar outra mulher, mãe e avó que me quer contar a sua história, vou parar para escutar e vou agradecer, porque sei que este encontro foi o Universo que me proporcionou, para me relembrar de como devo continuar o meu percurso.
Inspiro-me. A ti, que me lês, espero inspirar-te também!
For Love, With Love ❤️️
A bebé que atrai conversas tão interessantes ❤️
IrinaVazMestre | Psicóloga & Facilitadora de Parentalidade Consciente
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