top of page
Foto do escritorIrina Vaz Mestre

Não tenhas medo de falar

Hoje, em consulta, ouvi cuidadosamente uma mãe que me contava sobre aquilo que tinha sido a entrada e o percurso da filha na escola.


Ouvi cuidadosamente uma mãe dizer-me que, mesmo com os cabelos que literalmente caíam de dia para dia {sintoma causado pelas emoções do medo e ansiedade} ela escolheu sempre falar.


Ouvi cuidadosamente uma mãe falar-me sobre acreditar que a escola podia ser diferente, com outras práticas, formas de estar e de ser.


E enquanto ouvia cuidadosamente esta mãe a falar, observava uma filha que, também de forma cuidadosa, ouvia a sua mãe falar.


Nunca, em momento algum, ouvi palavras de julgamento daquela mãe. A grande e real preocupação daquela mãe era não se calar. Em momento algum ela se focou em julgar a escola, a professora, o diretor ou quem fosse. Nunca. Em momento algum.


Em primeiro lugar, ela queria que a filha gostasse da escola. Que lá fosse feliz. Que pudesse ter amigos e conseguisse aprender. Sem se sentir uma falhada. Ou burra. Ou anormal. Ou diferente dos outros. Ou esquecida. Posta de parte.


Em segundo lugar, e para que o primeiro lugar pudesse acontecer, ela queria falar. Partilhar práticas. Dar sugestões. Relatar como funcionava com ela, em casa, depois de tentar muitas formas e estratégias.


Em terceiro lugar, ela queria sentir que não havia de um lado a professora e do outro lado a mãe. Queria sentir-se parte integrante do processo de aprendizagem da sua filha. Queria poder apoiar. E queria poder também sentir-se apoiada pela escola. Queria formar equipa. Pedir ajuda quando precisasse. Ajudar quando fosse preciso.


Nunca, em momento algum, esta mãe desistiu de falar. De ir a reuniões. De expôr o seu ponto de vista. De colocar de forma firme um limite quando sentia que não havia margem para negociação.


Nunca, em momento algum, esta mãe desistiu de falar. Mesmo quando o cabelo lhe caía, literalmente, pelo medo que tinha que tudo aquilo fosse pior para a sua filha.


E enquanto eu estava ali, a ouvir cuidadosamente esta mãe, e sorria para ela, e para a luta dela, e para a filha dela, que observava com carinho a sua mãe, aprendi que, nunca, em momento algum, eu vou desistir de falar, de ir a reuniões, de expôr o meu ponto de vista, de colocar um limite firme quando sentir que não há margem para negociação.


Nunca, em momento algum, eu vou deixar de acreditar que cada um de nós tem a magia nas suas mãos de repensar práticas educacionais e de falar, sem julgamento, com compaixão e com a INTENÇÃO de CONSTRUIR, não de destruir.


Façamos diferente. Cada um de nós.


E tu...não tenhas medo de falar.


Beijos Mil.

IrinaVazMestre


 





125 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Commentaires


bottom of page