Devagarinho, aos poucos, tenho vindo a repensar a minha forma de viver.
Devagarinho, aos poucos, tenho vindo a fazer escolhas.
Devagarinho, aos poucos, tenho tomado decisões.
Uma das decisões que tomei, com a gravidez da Cocas, prendeu-se com a minha vida profissional. Escolhi ficar mais tempo em casa. E escolhi aceitar tudo o que essa decisão traria.
Tenho um dia durante a semana em que me proibi totalmente de trabalhar fora de casa. Podem não acreditar, mas semana após semana tenho mesmo que me ir proibindo, regularmente e com muita veemência.
É incrível como decidires ficar em casa, com os teus, a cuidar da tua família e do tempo que é vosso pode trazer tanto sentimento de culpa. É incrível a tendência que o Ser Humano tem para preencher um buraco na agenda, porque inconscientemente acha que esse buraco é desnecessário, uma perda de tempo, de dinheiro e até, muitas vezes, é sinónimo de não querer fazer nada, de preguiça.
Então, e porque quero mesmo manter tudo tal e qual como decidi fazer, recuso todas as solicitações que, pela sua natureza, me obrigariam a deixar a minha baby com alguém. Se não dá para levá-la, então é claramente um compromisso que devo recusar. Este é o meu princípio. E é também o meu lembrete: se não dá para levar a Cocas, então não deves ponderar preencher o buraco que tens na tua agenda, querida Irina!
E este dia sabe-me pela vida. Não faço nada do outro mundo. Na verdade, nem me chega para fazer um terço do que planeio fazer, semana após semana. Levo as girls pela manhã. Fico com a baby. Perco-me no namoro. Aproveito para tirar fotografias e registar momentos que ficaram por registar. Improviso um estúdio de fotografia em casa. E quando olho, está tudo pior do que estava quando deixei a casa pela manhã para ir entregar filhas às escolas.
Arrumo o que há para arrumar. Ficam sempre coisas por fazer. Tento adiantar jantar. Muitas vezes sem sucesso. Vou ao supermercado. Algumas vezes nem vou. Respondo a e-mails. Às vezes nem por isso.
Brinco com a baby. Sempre. Dou-lhe colo. Sem pressas. Faço-lhe cócegas. Experimento-lhe roupas que estão por experimentar. Tiro fotos. A nós. Em modo selfie. Oiço música. Danço com ela. Aconchego-lhe o choro.
Às 16h já tenho que estar a sair de casa. Vamos buscar a mano do meio ao colégio para a levar à dança. Deixo-a na aula. Volto a entrar no carro. Vou com pressa buscar a mana mais velha. Algumas vezes paro pelo meio para ir apanhar uma prima que já anda no 5º ano e, por isso, anda noutra escola. Volto para a dança para ir buscar a mana do meio. Deixo a mana mais velha também na dança. Volto para casa. Outras vezes faço tempo para levar todas para casa.
Dou banhos, preparo o jantar que grande parte das vezes ficou para segundo plano durante o dia. Trato do que há para tratar. Às vezes apetece-me brincar um bocadinho com as girls. Outras vezes não. Assumo isso. E não me culpabilizo. É mesmo assim.
Deito-as. A casa entra em silêncio. E eu sinto o cansaço no corpo. Talvez esteja mais cansada do que se estivesse o dia todo fora a trabalhar. E ainda assim este dia sabe-me pela vida. Mesmo! E a cada semana que entra, anseio por esse dia. E proíbo-me de o preencher sem ser com coisas que me cansam.
For love, with love!
IrinaVazMestre
|Psicóloga & Facilitadora de Parentalidade Consciente|
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Facebook Blog Voltar à Estaca Zero
Serviços: Apoio Psicológico | Acompanhamento Parental | Workshops
Contactos: irina.vaz.mestre@gmail.com
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